terça-feira, 30 de outubro de 2012

Reposição hormonal feminina precoce pode prevenir mal de Alzheimer


Um novo estudo sugere que mulheres que começam a fazer reposição hormonal até cinco anos após a menopausa podem estar mais protegidas do mal de Alzheimer.

A terapia hormonal, indicada para tratar os sintomas da menopausa (como as ondas de calor), reduz em 30% o risco desse tipo de demência, segundo pesquisa publicada no periódico "Neurology", da Academia Americana de Neurologia.
O benefício, porém, só foi observado nessa janela de cinco anos após a menopausa. Segundo César Fernandes, presidente da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo), a terapia hormonal já mostrou efeito protetor semelhante, nesse mesmo período, para osteoporose.
"Essa é uma janela de fragilidade, por causa da deficiência hormonal nesse momento, mas também de oportunidade de agir", afirma.
De acordo com Sonia Brucki, coordenadora do Departamento de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia, já se sabe que o estrógeno tem efeito protetor no sistema vascular e, em estudos in vitro, o hormônio aumentou o brotamento neural.

Risco aumentado
Curiosamente, o risco de alzheimer aumentou entre as mulheres que começaram a fazer a reposição de estrogênio e progesterona mais tarde, após os 65 anos.
"Brinco que paciente também tem data de validade. O momento de intervir é o do problema agudo. Qualquer tratamento extemporâneo pode até causar danos", afirma Fernandes. O mecanismo pelo qual isso acontece, porém, ainda não foi esclarecido, segundo Sonia Brucki.
O resultado dessa pesquisa se soma a outros que podem ajudar médicos e pacientes na hora de pesar prós e contras do tratamento. O estudo mais conhecido sobre o tema é o Women Health's Initiative, de 2002, que mostrou que a reposição aumenta riscos de câncer da mama e de doenças cardiovasculares.
A relação entre reposição hormonal e alzheimer também é controversa. A observação de pacientes que tomavam hormônios sugeria uma redução do risco da doença, mas estudos mais controlados sugeriram o contrário.
Por isso, pesquisadores resolveram investigar se esse risco está ligado ao momento em que as mulheres começaram a fazer a reposição.
Para o estudo, foram acompanhadas, por 11 anos, 1.768 mulheres do Estado de Utah (EUA), com mais de 65 anos. As participantes deram informações sobre o uso de terapia hormonal e o ano em que a menopausa começou --do total, 1.105 fizeram a reposição de hormônios e 176 tiveram alzheimer, sendo 87 do grupo que fez a reposição e 89 do que não usou a terapia.
Victor Henderson, médico da Universidade Stanford, disse em comentário que acompanha a pesquisa que mais pesquisas são necessárias para que os profissionais possam fazem novas recomendações quanto à terapia hormonal.
"Ainda não está claro o papel do estrógeno na gênese ou na proteção do alzheimer, e não é possível pensar que a terapia possa ser indicada para esse fim", diz Brucki.
Editoria de Arte/Folhapress

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